sábado, 16 de maio de 2009

vale (mesmo!) a pena ler

EM: http://joaodelicadosj.blogspot.com/


“Mas tu aguentas? Isso é espantoso!” dizem-me boquiabertos. “Como é que consegues correr isso tudo?”. Há quem pense que correr é um enorme sacrifício. E, para dizer a verdade, é mesmo. Para mim também o é. Custa-me muito levantar da cama de manhã, olhar de soslaio para os ténis de corrida no canto do quarto, a ver se ainda lá estão, vacilar... vou correr-não vou, vou correr-não vou, vou correr-não vou... ai, deixa lá!... vou mesmo! E depois vestir os calções, t-shirt, camisola, fazer umas boas rotações das articulações para acordar o corpo e... ala!... saio porta fora.Arrancar custa sempre mais. Dou passos lentos de início. Quando saúdo o Sr. Vinagre, o porteiro do Colégio, parece que vou em câmara lenta. Depois deixo-me levar pelo piloto automático e começo a saborear a manhã. Esteja fresco, quente, de chuva, seco, com vento ou sem vento é sempre bom. Desligo a cabeça das preocupações e sigo, deixo-me levar. Não penso muito no percurso. Quero estar. Ficar a correr. Sou demasiado preguiçoso para correr pouco. Prefiro corridas longas. Onde possa desligar. Por isso, vou sem relógio, sem horas. Aí aproveito para tratar um tema, um assunto. Gosto de meditar a correr.Das coisas que me dá mais gozo é correr ao lado das filas de trânsito. E ir mais depressa do que os carros! Isso é simplesmente bestial! Também me dá imenso gozo a sensação de liberdade que a corrida proporciona. É impressionante a capacidade, a autonomia que o corpo humano tem. Como consegue percorrer tantos quilómetros sem quaisquer problemas. Muitas vezes e por muito tempo fico simplesmente a agradecer a Deus por isso.Lá mais para o fim, já o sofrimento é mais agudo. Como a motivação do gozo já se foi, então vou buscar a motivação a outro lado. E não dou hipótese. Penso para os meus botões: se páro, demoro o dobro do tempo a chegar a casa! Engraçado como funciona sempre. Mesmo que já custe um bocado, continuo a correr e só abrando junto ao meu portão verde. Esse é outro dos momentos mais gozosos: entro no pátio da casa e sento-me ao sol, na relva, a fazer alongamentos. Páro. Como que a rezar. Troco de perna. “Obrigado meu Deus”, desabafo por dentro. E fico a saborear o sacrifício. Volto a entrar em casa e penso “ufa! Ainda bem que tive a coragem de me pôr a pé e começar a correr!”.

Para quê correr? Obviamente, para descansar!

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